Independentemente da genética, das possibilidades reais, da idade, estamos sempre frustrados porque já não somos louros, morenos, magros, altos, atléticos, já não temos a pele lisa, os olhos sedutores.
Por que razão aceitamos e cultivamos a ideia patética de que só a juventude é boa e bela, com direito de ousar, de renovar, de amar?
Boa parte dos nossos sofrimentos (falo dos dispensáveis) vêm do facto de sermos tão infantis. Nunca sossegamos, nunca nos contentamos, nunca nos aceitamos.
Parar para reflectir nem pensar: seria demasiado doloroso.
Mesmo na sexualidade, apesar do alarde, da libertação e da incrível multiplicação de informações, continuamos muito primários.
Acabamos por nos submeter à obrigação de ser sexualmente fantásticos ( quase sempre mentira e embuste por insegurança), mas como seres humanos possivelmente seremos precários. Se os media me oferecem a possibilidade de ser feliz na cama - ou fora dela - em dez lições a preço módico, talvez fosse bom analisar e concluir que se trata de um engodo, que
a felicidade amorosa não vem do desempenho, mas da ternura que aprimora e intensifica o desempenho.Precisamos de aprender a lutar contra os modelos absurdos, a descobrir quem somos, do que gostamos e de como gostamos de ser e isso não vem nas revistas, na televisão nem nos palpites dos amigos: é íntimo, pessoal e intransmissível.
Lya Luft,
Perdas e GanhosBom fim-de-semana.:)