Há um limite para a vida?
"Amanhece. De súbito, pôs-se uma luz cálida e brilhante!...Não sei como é, mas em Roma passa-se assim, quase insensivelmente, da noite ao dia. Espera, levanto a persiana. Olha as duas laranjeiras debaixo da janela. Tem cada uma, precisamente, duas laranjas. São laranjas secas e engelhadas, tal como as que crescem aqui na cidade.
Tal como quando se envelhece e os nossos sentimentos se tornam, um dia, pensamentos."
Sándor Márai in A mulher certa
Um romance belíssimo que estou a acabar de ler.
Um escritor que estou a descobrir.
Em páginas avassaladoras, Márai fala-nos do amor, da amizade, do ciúme, da solidão, do desejo e da morte e aponta directamente ao centro da alma humana.
A última frase deste excerto levantou-me, no entanto, uma interrogação: a partir de uma certa idade, e qual é ela, estamos condenados a viver apenas de recordações?
Recuso-me a aceitar que assim seja...
Tal como quando se envelhece e os nossos sentimentos se tornam, um dia, pensamentos."
Sándor Márai in A mulher certa
Um romance belíssimo que estou a acabar de ler.
Um escritor que estou a descobrir.
Em páginas avassaladoras, Márai fala-nos do amor, da amizade, do ciúme, da solidão, do desejo e da morte e aponta directamente ao centro da alma humana.
A última frase deste excerto levantou-me, no entanto, uma interrogação: a partir de uma certa idade, e qual é ela, estamos condenados a viver apenas de recordações?
Recuso-me a aceitar que assim seja...
13 Comments:
Eu também recuso, mas falando com idosos, muitos deles falam de recordações e pela positiva até nos podem ajudar.
Não sei se me expliquei bem:)
Beijos
E fazes tu muito bem.
Contrariar o muito provável dá um gozo do caraças.
Bom domingo, Andorita.
:)
Acho que, chegando a uma certa idade, não vives de recordações, mas sim fazes uma alanise do que viveste!!! Quando vês ag mais velho a contar a história da sua vida com um sorriso nos lábios é bom sinal... é sinal que a sua vida foi bem vivida, bem aproveitada!!! Isso sim é o mais importante... Analisar e perceber que vivemos realmente!
***MUAH*** bom domingo
Do mesmo autor (de uma escrita absolutamente extraordinária) li o livro intitulado "As velas ardem até ao fim"... recomendo-o a quem goste deste autor e ainda não o tenha lido.
Quanto à questão aqui levantada por esta querida Amiga, penso que:
Quando nos condenamos a viver apenas de recordações, efectivamente passa a existir e a determinar-se essa idade, e é precisamente a partir dela que somos velhos, independentemente da idade que tenhamos de facto...
Um beijo e um abraço (Do Herói e meu)
PS: Saiu do internamento e já vai à escola!!! Cheio de coragem... ;)))
Inventei uma cidade colorida
Pintei um lago ao pé da tua porta
Coroei-te com diadema de sal
Lancei à sorte esta folha já morta
Boa semana
Doce beijo
Claro que não. Não só de recordações, mas, inevitavelmente, também de recordações.
Big kiss.
Eu acho que há pessoas que chegam a uma certa altura e se deixam ficar a viver de recordações. Afinal e nem é tão estranho assim considerando que há pessoas que passam a vida toda sem viver. Mas também há outras que até ao final dos seus dias se recusam a deixar de viver. São aquelas que tenham a idade que tiverem são jovens sempre e mantêm na alma uma ânsia por sonhos!
Dark kiss*
PS:Então olha lá o gajo(a) diz que o amanhecer é estranho e que passa da noite ao dia de repente e depois: "Espera, levanto a persiana"!!! O gajo(a) que não acorde ao meio-dia para levantar a persiana... depois acha estranho passar de repente da escuridão para a luz :)
E esta:
"Viver de pensamentos é uma morte prematura." ;)
Beijos*
O excerto é convidativo.
amiga...........estamos a ler o mesmo.....há coincidencias
jocas maradas de leituras
WIND,
Entendi-te, sim.
Claro que se aprende muito a lidar com idosos com toda a sua experiência de vida.
Mas nós,mesmo à medida que a idade avança, podemos viver não só de recordações, podemos continuar a VIVER porque a vida só acaba se nós quisermos.
Beijo
Sirk,
Eu sei que faço:)
Bom fds, cachopa.
Ineves,
"Analisar e perceber que vivemos realmente."
Sim, mas vivemos não só no passado, mas continuamos a viver.
Recordar é viver, mas quanto a mim não basta.
Ammedeiros,
Concordo totalmente contigo.
Quanto ao livro, obrigada pela sugestão. Vou lê-lo em breve.
Dois grandes beijos.
O Profeta,
Obrigada pelos versos, lindos.
Bom fds:)
Beijo
Rosa, Até que enfim que concordamos nalguma coisa...:)
Beijocas
Lux,
Tens toda a razão, amigo.
Quando deixamos de sonhar, aí a velhice invade-nos.
P.S. O gajo é parecido com alguém que eu conheço:)
Sempre que posso, só levanto as persianas a essa hora...mas isso é a minha preguicite crónica.
Acho que está a piorar com a idade:))))))
Beijo*
Ariel,
Eu diria: Viver SÓ de pensamentos...
Beijo*
Klatuu,
:)
Já nem um dark kiss mereço?:(
Beijo*
Su,
Já acabei de ler. Gostei imenso.
jocas maradas...de boas leituras
Gostei muito do excerto.
:)
Eu tenho medo disso...de um dia ser apenas um reflexo do meu próprio passado.
Mas se pensarmos, existem sempre duas escapatórias possíveis: a morte imediata, ou o refúgio da nossa imaginação, que nos leva a viver de recordações sem nos apercebermos disso, como forma de nos protegermos do mundo...
Mas eu sou verde, não sei o que é ser Tão Mais Tão Grande e Sábio e Tudo como a senhora minha amiga... :)
Beijinho grande*
"Tal como quando se envelhece e os nossos sentimentos se tornam, um dia, pensamentos."
"a partir de uma certa idade, e qual é ela, estamos condenados a viver apenas de recordações?
Recuso-me a aceitar que assim seja..."
Eu ainda não cheguei lá... ou talvez já tenha chegado e voltado... mas penso que começamos a viver nas nossas recordações, quando renegamos o presente e a réstia de vida que temos, e nos apresentamos perante a morte.
Agora cada um escolhe o seu momento, se tiver tempo de decisão isto é...
:p
Beijinhos e abraços
e um beijinho grande para a andorinha :)
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