Medo do novo código da estrada já passou
As escassas três semanas transcorridas desde a entrada em vigor do novo código da estrada foram mais do que suficientes para dissipar alguns medos dos condutores e para se regressar à rotina da transgressão, na esperança de que a Polícia não esteja atenta.
Apesar da ameaça de coimas elevadas, voltámos a ver, com escandalosa frequência, dentro e fora das povoações, carros a circular em velocidades claramente excessivas, e condutores com os telemóveis colados aos ouvidos ou a fazer manobras proibidas e perigosas. A tradição transgressora dos portugueses não parece, de facto, grandemente abalada por um código mais repressivo.
Após meio século de submissão a um regime policial totalitário, os portugueses viveram uma explosão de liberdade que, em meios civicamente menos preparados, ganhou formas perversas e fez esquecer o dever da responsabilidade. Passadas às gerações mais novas, esse conceito egoísta de liberdade tornou-se já característica cultural.
Não tendo, nem as famílias, nem as escolas, mostrado capacidade de combatê-lo, não sei que outros meios poderão melhorar o nosso coeficiente de civismo. Só espero que, para isso, ninguém pense que se deva voltar à ditadura.
Artigo publicado hoje no JN
Apesar da ameaça de coimas elevadas, voltámos a ver, com escandalosa frequência, dentro e fora das povoações, carros a circular em velocidades claramente excessivas, e condutores com os telemóveis colados aos ouvidos ou a fazer manobras proibidas e perigosas. A tradição transgressora dos portugueses não parece, de facto, grandemente abalada por um código mais repressivo.
Após meio século de submissão a um regime policial totalitário, os portugueses viveram uma explosão de liberdade que, em meios civicamente menos preparados, ganhou formas perversas e fez esquecer o dever da responsabilidade. Passadas às gerações mais novas, esse conceito egoísta de liberdade tornou-se já característica cultural.
Não tendo, nem as famílias, nem as escolas, mostrado capacidade de combatê-lo, não sei que outros meios poderão melhorar o nosso coeficiente de civismo. Só espero que, para isso, ninguém pense que se deva voltar à ditadura.
Artigo publicado hoje no JN
posted by andorinha at 6:41 da tarde
2 Comments:
Pois é, os hábitos tão enraizados e que ainda por cima se faz gala em transmitir e ensinar aos mais novos. Grave, isso! Até fico com as "unhas encaracoladas" com certas coisas que vejo. Gosto muito da tua "linha editorial", amiga. Força e muitos beijinhos :)
Pois é...o civismo q se viu nos 1ºs dias do novo código da estrada,foi certamente, tão só e apenas pela conta da multa que daí poderia chegar.Mas somos um País de memória curta e como tal o efeito multa já passou á história...é sempre a mesma coisa! Haja paciência.
bjokas ":o)
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