sexta-feira, fevereiro 16

A hora do cansaço

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite do nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra ( maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituimos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Carlos Drummond de Andrade

O amor é eterno enquanto dura, não é minha gente?:)

7 Comments:

Blogger Perola Granito said...

Poema lindissimo.
Bom fim de semana.

10:51 da tarde  
Blogger Movimento em Defesa do Rio Tinto said...

É possível caminhar por um rio!

12:16 da manhã  
Blogger AQUILES said...

Eterno é o amor, terna é a noite.

9:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá!

Se gostas de cinema vem vsitar-nos em

www.paixoesedesejos.blogspot.com

todos os dias falamos de um filme diferente

Pula e Rui Lima

8:18 da manhã  
Blogger Su said...

excelente escolha amiga
belo....

jocas maradas

8:03 da tarde  
Blogger Alice said...

Que bom saber que alguém "meteu" a palavra resina num poema, ainda por cima de um dos meus autores favoritos!
é que a tal de resina está a deixar-me doente e foi bom encontrá-la num contexto de lazer...

11:10 da manhã  
Blogger andorinha said...

Pérola,
:)
Continuação de boa semana.

Aquiles,
Quanta poesia nessa pequena frase:)
Um beijo

Su,
Ainda bem que gostaste, amiga.
jocas maradas

Alice,
Que bom ver-te por aqui:)
Beijo grande.

6:01 da tarde  

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