segunda-feira, julho 17

Paraíso

Deixa ficar comigo a madrugada
para que a luz do sol não me constranja.
Numa taça de sombra espartilhada,
deita sumo de lua e de laranja.

Arranja uma pianola, um disco, um posto,
onde eu ouça o estertor de uma gaivota...
Crepite, em derredor, o mar de Agosto...
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!

Depois podes partir. Só te aconselho
que acendas, para tudo ser perfeito,
à cabeceira a luz do teu joelho,
entre os lençóis o lume do teu peito...

Podes partir. De nada mais preciso
para a minha ilusão do Paraíso.

15 Comments:

Blogger CLÁUDIA said...

E porque tem que ser ilusão?

Não podemos ter o nosso Paraíso de vez em quando? Mas totalmente real?

Eu gosto de acreditar que sim. :))

Lindo poema querida Andorinha.
Beijinhos para ti ***

9:13 da tarde  
Blogger andorinha said...

Cláudia,
Grande elogio me fazes, mas o poema não é meu, não tenho talento para isso.
É de David Mourão-Ferreira, esqueci-me de mencionar.

Claro que podemos ter o nosso Paraíso real, eu também gosto de acreditar que sim.:))

Fica bem:)
Beijo enorme.***

9:52 da tarde  
Blogger wind said...

Belíssimo:)
Beijos

12:02 da manhã  
Blogger Anna^ said...

Muito bonito!!

beijo grande ":o)

10:35 da manhã  
Blogger b' said...

sim, eu sei, que tudo são recordações
sim, eu sei, é triste viver de ilusões...
lalalalalalalala

beijinhos andorinha
@:)

11:04 da manhã  
Blogger Rosa said...

Eu acho que a ilusão e a realidade são assim mais ou menos que um bocadinho a mesma coisa. Se vives na ilusão de é porque acreditas, e, se acreditas, é real!
Beijoca na asa! :)*

12:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Acho que a ilusão está para a realidade como o açúcar para a bica. Uns adoçam-na, outros não :)

Obrigada pelo belíssimo poema do mestre Mourão-Ferreira!

Beijinhos doces, querida Odete

12:47 da tarde  
Blogger Su said...

bela escolha...eu que gosto de paraísos reais ou não....basta querer, imaginar, sentir e passamos logo ao estar:)))

jocas maradas de dias bons minha linda amiga

8:22 da tarde  
Blogger andorinha said...

Wind,
Concordo contigo:)
Beijos.
Anna^,
Que saudades, miúda:)
Beijo enorme para ti.

b',
Quanta nostalgia por aí vai...:)
Beijinhos

Rosa,
Está demasiado calor para essas reflexões altamente filosóficas:)
Não concordo nada contigo. Às vezes vivemos na ilusão e sabemos que é ilusão, só que nos tentamos convencer de que talvez não seja.:)
Beijoca.

Cinda,
Gostei da comparação, bem a propósito.
Fica bem, amiga:)
Beijinhos muitos.

marakoka,
Andavas fugida deste meu cantinho.:((((((
Quem não sonha com o paraíso, realmente?
jocas maradas...de amizade

9:50 da tarde  
Blogger ASPÁSIA said...

Olá Andorinha

Tenho andado em migrações extrablogosféricas, mas não estou esquecida de ti.
Em boa hora aqui regressei para encontrar um poema que assim seduz a alma. O David é um mestre nessa arte.

Boa semana
Abana-te com a asa...

Bjinhos :)

1:45 da manhã  
Blogger Unknown said...

De vez em quando vivemos paraísos reais que depois se tornam ilusões e, outras vezes, sonhamos com a ilusão que transformamos em paraísos reais a serem vividos, outras vezes há em que nem paraísos reais nem ilusões, apenas experiência. Contudo, não perderemos mesmo com a experiência a capacidade de recriar os paraísos e a ilusão dos mesmos, sobretudo se a imagem contiver o que se descreve neste poema...
Um beijo

11:27 da manhã  
Blogger andorinha said...

Aspásia,
Eu sei que não...às vezes o tempo é que não chega para tudo.
O David é um dos meus poetas preferidos.

Eu bem tento abanar-me com a asa, mas o calor é tanto!!!:)

Beijinhos

Ammedeiros,
Gostei do que escreveste, mas não sei se será sempre assim. Com as experiências da vida, sobretudo se algumas forem negativas, perde-se por vezes a capacidade de recriar os paraísos e ganha-se medo das ilusões.
Vive-se então um real monocromático.:(
Um beijo

10:55 da tarde  
Blogger Pamina said...

Olá,

Mais um magnífico poema do DMF. É sempre um prazer lê-los:).
Um bj.

10:59 da tarde  
Blogger Unknown said...

Andorinha

Antes de mais, o meu agradecimento à tua visita ao meu recanto, visita-me quando quiseres, sempre muito bem-vinda.

Quanto ao que escreveste, tenho que dar a mão à palmatória, tens toda a razão quando afirmas que: "Com as experiências da vida, sobretudo se algumas forem negativas, perde-se por vezes a capacidade de recriar os paraísos e ganha-se medo das ilusões". Infelizmente, é a mais pura verdade, sobretudo a questão do MEDO das ilusões que bloqueia essa capacidade de recriar. Sabes... não quis referir esse aspecto tão cruamente real, estava inspirada pelo poema... e pela convicção pessoal que cultivo em recriar paraísos e renovar sonhos e ilusões, de achar que os outros também são capazes de o continuar a fazer pela vida, mesmo com muitas experiências negativas.
Cada situação é única, e embora possa ter características semelhantes às anteriores ou a outras, reveste-se sempre de novas circusntâncias, se por um lado devemos aprender a evitar cair em "erros" análogos que poderão estar relacionados com os nossos traços ou com formas de resolução de problemas que repetimos e que eventualmente devem rever-se, por outro, há que estar consciente que na maioria das vezes, a experiência adquirida numa dada situação de nada serve para outra...
Assim sendo, vamos adequando as nossas estratégias às novas situações tentando acertar, tendo em linha de conta a especificidade de cada uma e de nós mesmos, sem esquecer que a experiência, por vezes, de nada serve!
Se assim é, porque não manter (eu diria que, precisamente por isso há que cultivar) a capacidade de recriar os paraísos e as ilusões???... ;))))))

Uma vez mais, obrigada.
Um beijo

10:51 da manhã  
Blogger andorinha said...

Pamina,
Somos ambas fãs, o que só significa que temos bom gosto:)
Beijinhos

Ana afonso,
O cheirinho do Verão é tão bom, não é?
Beijinhos.

ammedeiros,
Quanto à visita ao teu recanto, não tens nada que agradecer, vou visitando sempre um ou outro blog que para mim é novidade, e se gosto, volto.
Foi o caso.:)

Concordo com o que dizes. Cada situação é única, a experiência, por vezes, não serve de nada e por isso mesmo não devemos perder a capacidade de recriarmos as ilusões e os paraísos. Tento sempre fazer isso, só lamento que algumas pessoas percam essa capacidade.
Um beijo.

Alfinetes,
As minhas asas levam beijocas, agora alfinetes, qualquer dia estou depenada.:)))))))))))))
O vosso cantinho é delicioso pelo fantástico sentido de humor.
Beijinhos.

9:32 da tarde  

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