quarta-feira, junho 21

Tentei fugir da mancha mais escura

Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.

Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.

Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão...

Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.

David Mourão-Ferreira

4 Comments:

Blogger wind said...

Belo!
Beijos

10:18 da tarde  
Blogger AQUILES said...

Dependência de existir

7:42 da tarde  
Blogger Pamina said...

Olá,

Um dos sonetos dele de que mais gosto. Há uma semana, completaram-se 10 anos da sua morte.

Desejo-te um bom fds. Bjs.

10:02 da tarde  
Blogger andorinha said...

Wind,
:)
Beijos

Ana afonso,
Não acho triste.
Beijinhos.

Aquiles,
Sim...

Pamina,
Pois foi, já lá vão dez anos.
Beijinhos e bom fds:)

1:56 da manhã  

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