E se pensássemos nisto?:)
"Fora das paredes domésticas, a nossa inserção numa cultura tem uma força inaudita. No entanto, muito do que nos legaram pode voltar a ser programado: somos fruto mas não escravos, o olhar primordial que nos saudou não é necessariamente uma sentença de morte. Podemos fazer os nossos acréscimos, escrever uma "errata" sobre o texto daquele prefácio de nós.
Mas quem nos dará sugestões, quem nos pode ajudar - se somos também preformados, prefabricados e condicionados? Quem vai desenredar esses fios, onde começamos nós e termina a influência de tantos?
Por isso somos curiosos, inquietos, naturalmente insatisfeitos. Não condenados: somos livres para tomar muitas decisões. A partir de quando fui capaz de ter algum discernimento, o que fiz para continuar a ser - a melhorar - isto que agora sou? Como me fui tornando um indivíduo que cultiva a liberdade mas também o respeito e a ternura pelo outro?"
Lya Luft, Perdas e Ganhos
Bom fim de semana!
Mas quem nos dará sugestões, quem nos pode ajudar - se somos também preformados, prefabricados e condicionados? Quem vai desenredar esses fios, onde começamos nós e termina a influência de tantos?
Por isso somos curiosos, inquietos, naturalmente insatisfeitos. Não condenados: somos livres para tomar muitas decisões. A partir de quando fui capaz de ter algum discernimento, o que fiz para continuar a ser - a melhorar - isto que agora sou? Como me fui tornando um indivíduo que cultiva a liberdade mas também o respeito e a ternura pelo outro?"
Lya Luft, Perdas e Ganhos
Bom fim de semana!
10 Comments:
... também um indivíduo que não poderá libertar-se dos seus pressupostos, como considera Gadamer*,
quando diz que os seres humanos vivem no meio de todas as formas de tradição e de preconceito, não podendo transcendê-las ou desconstrui-las completamente, o que significa que estamos fundados ontológicamente na nossa existência histórica.
O autor considera que toda a exegese implica necessariamente preconceitos do intérprete e que esses preconceitos são ‘condição’ da própria interpretação.
* Gadamer, Hans-Georg – ‘Vérité et Méthode’ (1960) - Seuil, 1996
deumus,
Os limites são, apenas, aqueles que nós quisermos.:)
Je,
Quem sou eu para discordar dessa interpretação?
Ainda para mais numa sexta-feira à noite em que os neurónios já estão à beira do colapso...
Tens razão, não é para comentar, é para reflectir. beijos e bom fim de semna*
Wind,
Exacto.:)
Beijinho e bom fds.
Olá, Andorinha. Queria apenas fazer um reparo neste texto: "... que cultiva a liberdade MAS também o respeito e a ternura pelo outro". Penso que o "mas" está mal empregue, porque o conceito de liberdade implica os outros dois e não os exclui.
Lélé,
Discordo. Pode-se cultivar a liberdade e não se ter respeito e muito menos ternura pelo outro.
Verificamos isso constantemente a nível político e não só.
Andorinha, tenho um conceito de liberdade, que difere muito, muito daquele que é utilizado normalmente. Não concordo minimamente, aliás, acho um autêntico paradoxo, uma completa aberração essa história de "a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade do outro". Do meu ponto de vista, a liberdade ou é, ou não é, mas não é "meias-tintas", implica responsabilidade e é um acto solitário, o que, contrariamente ao que possa parecer, leva à saudável socialização... Sou utópica, é verdade, mas talvez a própria liberdade seja uma utopia...
Lélé,
Discordo novamente. E és contraditória no que afirmas. É para mim evidente que "a liberdade de cada um acaba onde começa a liberade do outro". Este é, para mim, o único limite que existe; a não existir seria a total anarquia e esta aniquilaria a própria liberdade.
Tu própria dizes que "implica respnsabilidade", lá está a contradição...
Não encontro qualquer contradição no que eu disse! É de anarquia que falo, sim. Onde é que a responsabilidade contradiz a anarquia? Pelo contrário, faz todo o sentido!
Lélé,
Ou estamos a dar significados diferentes às palavras ou isto está mesmo a ficar complicado.:)
Liberdade implica responsabilidade, ou seja, a minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro e como tu não concordas com isso...
Pergunto: onde é que a anarquia convive com a responsabilidade? Num mundo idealizado, utópico?
Andamos a jogar com palavras e conceitos e não está a haver verdadeira comunicação, já reparaste?
Enviar um comentário
<< Home