A qualidade das pessoas
"(...) Refiro-me a uma campanha intitulada "Novas oportunidades" destinada a "dar resposta aos baixos índices de escolarização dos portugueses através da aposta na qualificação da população", coisa que é apresentada como sendo um "desígnio nacional." (....)
A ideologia que enquadra esses anúncios podia ser adoptada por qualquer pós-salazarista. Coitados dos vendedores de imprensa, coitados dos porteiros de hotel, coitados dos empregados de mesa, coitados dos funcionários do comércio ou da administração pública, coitados dos que não têm um curso.
Compreende-se a boa vontade dos responsáveis pelas "Novas oportunidades" e compreende-se o sentido geral da iniciativa. Portugal precisa de mais qualificação na formação profissional e de mais qualidade dos seus licenciados. Mas há, ali, qualquer coisa de chocante: um menosprezo das profissões banais, um desprezo das ocupações não consideradas nobres.
Como se sabe, no campo das políticas públicas, não contam apenas as intenções; contam também os métodos e as imagens geradas nesse caminho. Não se pode desvalorizar a qualidade das pessoas em nome da qualidade das profissões. Porque, no fundo, a qualidade da vida das pessoas não depende da qualidade das profissões. Depende da sua iniciativa e da sua vontade."
Excertos de um artigo de Francisco José Viegas no JN
A ideologia que enquadra esses anúncios podia ser adoptada por qualquer pós-salazarista. Coitados dos vendedores de imprensa, coitados dos porteiros de hotel, coitados dos empregados de mesa, coitados dos funcionários do comércio ou da administração pública, coitados dos que não têm um curso.
Compreende-se a boa vontade dos responsáveis pelas "Novas oportunidades" e compreende-se o sentido geral da iniciativa. Portugal precisa de mais qualificação na formação profissional e de mais qualidade dos seus licenciados. Mas há, ali, qualquer coisa de chocante: um menosprezo das profissões banais, um desprezo das ocupações não consideradas nobres.
Como se sabe, no campo das políticas públicas, não contam apenas as intenções; contam também os métodos e as imagens geradas nesse caminho. Não se pode desvalorizar a qualidade das pessoas em nome da qualidade das profissões. Porque, no fundo, a qualidade da vida das pessoas não depende da qualidade das profissões. Depende da sua iniciativa e da sua vontade."
Excertos de um artigo de Francisco José Viegas no JN
5 Comments:
No âmbito desta campanha, ou melhor, a propósito dela, confesso que o que mais me agradou foi uma versão pirata dos cartazes em que o nosso Socas se apresenta numa oficina, vestido humildemente, de trabalhador braçal e
por baixo a legenda habitual:
se ele tivesse estudado!
Ao povo português criatividade não falta. Definitivamente!
(e aqui para nós o que teria ganho o P. Abrunhosa com os estudos? se calhar vendia menos discos e tudo...)não liguem , isto sou eu a desconversar!
..com coitadinhos à parte, eu estou de acordo com essa iniciativa, pq tanta vez na vida desses nada dependeu da "sua iniciativa e boa vontade"
em rel. ao "menosprezo das profissões banais, um desprezo das ocupações não consideradas nobres" isso existe ....se calhar muito mais do que se pensa.....afinal sem o homem que nos leva o lixo, o tal coitadinho, que não estudou , pq a familia nem podia sustentar esse luxo.....eu gostaria de ver os "nobres" a carrega-lo (ao lixo) todas as manhas antes de ir para o trab...................enfim...vidas.............esquemas.........politicas.................quem se lixa é sempre o mexilhão.....e tudo isto fora do ambito do coitadinho....
para mim coitadinho é corno.........opsss.......
jocas maradas menina
Olá!
Acedi so seu blog via Murcon, (estive a "cuscar" os blogues dos participantes no Murcon- gostei de ler o seu post a propósito de "o primeiro dia".
Não é fácil resistir aos muitos desencantos da vida, mas mal de nós se perdermos a ESPERANÇA.
beijinhos
Só vim visitar-te Andorinha, deixar apenas um "Olá" porque as palavras têm perdido a força.
Um beijo
Alice,
O que eu me ri com essa versão. Foi o melhor de tudo isto:)
Su,
Claro que existe o menosprezo das profissões consideradas menos nobres e é isso que, quanto a mim, esta campanha acentua.
Daí eu a achar um completo disparate.
Há outras formas de incentivar os jovens a estudarem.
jocas maradas, sempre:)
Cristina,
Se se perde a esperança, fica tudo muito mais complicado.
Beijinhos
Ammedeiros,
Ainda bem que vieste, já tinha saudades de te ver por aqui:)
As palavras nunca perdem a força, se forem ditas com convicção.
Um beijo grande.
Enviar um comentário
<< Home