terça-feira, outubro 25

O epicentro dos nossos terramotos é a desilusão

Os terramotos nascem da desilusão. Surpreendem-nos porque nos conseguem desiludir. E a terra e o mar tremem a sério quando os outros não são aquilo que achávamos que eram, e nos traem. Não porque nos espetem um punhal nas costas, mas porque, por alguma razão - até simplesmente por não nos termos dado ao trabalho de os olhar com olhos de ver - se comportam de uma maneira diferente da prevista, ou seja, não nos tratam com a lealdade que nos era devida, não agem com a honestidade que esperávamos ou pisam riscos que para nós são inultrapassáveis.
Há um terramoto sempre que perdemos a confiança em alguém em quem confiávamos cegamente e nos sentimos de repente tão perdidos porque, ao deixarmos de saber quem o outro é, deixamos também de saber quem somos, e é como se sob os destroços já não fosse possível encontrar, intacta, qualquer outra relação.
E regista-se um terramoto de dez na escala de Richter quando nos traímos a nós mesmos e não somos nada daquilo que gostaríamos de ser.

Excerto de um texto de Isabel Stilwell na NM

13 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Cara Andorinha
A 'competência do desengano' resulta de sobrevivermos a esses terramotos que, na minha experiência, nunca foram demasiado devastadores - talvez porque nunca consegui endeusar nem demonizar demasiado o próximo.
Abraço plácido:)

7:30 da tarde  
Blogger andorinha said...

mj,

Entendo perfeitamente o que dizes, mas eu ainda estou a fazer essa aprendizagem (nem endeusar nem demonizar o próximo).
Já fui pior.:)
A traição a mim mesma é a única para mim insustentável.

8:44 da tarde  
Blogger Su said...

andorinha, gostei deste texto

sei bem o q isso é, terrivel esses terramotos em nós, fico num buaaaa infindoooooo, até a desilusão esmorecer com o tempo, mas fica lá a cicatriz....buaaaa

jocas maradas

10:20 da tarde  
Blogger paulo pisco said...

Na confiança reside parte da felicidade. No entanto, somos todos humanos e tão ou mais importante que a confiança é conseguir perdoar. Os outros e, fundamentalmente, nós próprios.

11:11 da tarde  
Blogger Anna^ said...

Li este texto no fds e adorei...aliás adoro quase todos os textos da Isabel Stilwell.pq consegue exprimir tão bem aquilo que tantas vezes me vai na alma;já passei alguns destes terramotos...sobrevivi!
Das duas três:ou sou osso duro de roer ou não há terramoto que me sirva ;P

bjokas e fica bem ":o)

11:17 da tarde  
Blogger andorinha said...

su,
Há cicatrizes que ficam, isso é, algumas nem o tempo consegue fazer esmorecer.

jocas maradas, sempre.:)

paulo pisco,
Eu prefiro não me trair para não ter que me perdoar.:)

Anna^,
Gosto também muito dos textos dela.
Sinto exactamente o mesmo que tu.
E claro que és osso duro de roer, ou tinhas dúvidas?:)))
Beijinho.

11:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Axo k o titulo diz tudo ;) *

7:53 da tarde  
Blogger andorinha said...

maxikeiro,
Também acho.:)

1:00 da manhã  
Blogger Mitsou said...

Mais uma leitora fiel da Isabel. E tua, pelo cuidado com que escolhes os temas para os teus posts. (Ainda por aqui ando, a navegar em busca de uma solução para a tal "fidelidade" de que falo no meu post :)
Beijinho muito doce e um abraço apertado de gratidão pelas tuas palavras, amiga!

2:02 da manhã  
Blogger Rosa said...

Desta vez assino em baixo deste texto. Palavra a palavra.
Beijinhos :)

11:20 da manhã  
Blogger Bastet said...

Só nos desiludimos com alguém quando esperamos algo. Dizem que a sabedoria reside em saber não esperar nada de ninguém e tudo de nós próprios... eu gostaria mas nem sequer espero consegui-lo :) Um beijo para ti andorinha

2:19 da tarde  
Blogger andorinha said...

Mitsou,
Beijinho grande, amiga.:)

Rosa,
:)

Bastet,
É complicado, eu também não tenho esperança de o conseguir.:(
Beijinho.:)

6:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Maldito vicio de escolher a pessoa errada.

3:40 da tarde  

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